Autonomia Capilar: Ninguém conhece seu cabelo como você
- Tai Cruz
- 13 de jan. de 2020
- 5 min de leitura
Atualizado: 21 de set. de 2020

Não restam dúvidas de que cuidado capilar é uma ciência experimental. Cotidianamente, sem perceber, aplicamos o método científico ao cuidar dos nossos cabelos. Por exemplo:
Suponha que seu cabelo está opaco e ressecado. Instantaneamente, você começa a formular hipóteses que expliquem a causa do problema.
1. Fiz procedimentos químicos que alteraram o aspecto dos fios?
2. Expus os fios desprotegidos a fontes intensas de calor (sol, secador, prancha) ou prolongadamente ao suor?
3. Não repus as substâncias (água, óleo, proteínas, etc.) que são perdidas naturalmente?
4. Saturei os fios com algum componente?
Mas para aceitar ou refutar essas hipóteses, e encontrar a causa, é necessário observação e experimentação. Assim como em uma pesquisa científica. Depois de encontrar a causa, você buscará dentro do conhecimento existente e produzido (referencial) as ferramentas (material) e os procedimentos (metodologia) mais adequados para solucionar o problema. Não existe garantia de que vá funcionar. Você fará experiências e obterá as mais variadas classes de resultados. Tanto os resultados positivos quanto os negativos fornecem informações importantes. Afinal, você precisa saber o que funciona ou não no seu cabelo.
Há uns anos atrás, esse era o caminho natural a ser percorrido. Utilizar a matéria prima disponível, misturar, experimentar e descobrir o mais adequado às suas necessidades. Mas nós entramos na era da tecnologia cosmética e da produção de conteúdo digital. Nesse exato momento, milhares de pessoas estão falando sobre conhecimento capilar. Inclusive essa aqui que vos escreve (risos). E com certeza você já ouviu falar sobre cronograma capilar, produtos liberados, e de que o seu cabelo precisa de hidratação, nutrição, umectação e reconstrução, certo?
O problema da informação facilitada é crença da disponibilidade eterna e a necessidade de respostas imediatas e personalizadas, receitas perfeitas, ou soluções rápidas e baratas de todos os seus problemas capilares. Umas horinhas de pesquisa no google, em blogs e perfis de produtores de conteúdo do gênero, nos fornece todo aporte necessário para formular nossas próprias hipóteses, escolher as ferramentas e solucionar nossos problemas (inclusive quando isso representa procurar auxílio profissional). Mesmo assim as pessoas continuam solicitando e por vezes exigindo consultorias e soluções milagrosas.
Porque, veja bem, avaliar um cabelo, identificar as agressões diárias, analisar o que funciona ou não, é um processo profissional e complexo, que demanda tempo e dinheiro. Os conteúdos estão disponíveis, de formas acessíveis, mas as pessoas que os produziram têm outras demandas que não incluem analisar/cuidar do cabelo de cada pessoa que os acompanham. Você precisa ter a sua autonomia capilar.
Isso não significa que você vá deixar de frequentar um salão de beleza. Para desenvolver a autonomia sobre a qual estamos conversando, você não precisa aprender a cortar, descolorir e nem pintar seu cabelo. Mas, você precisa aprender a reconhecer as necessidades do seu cabelo e como abordá-las. Porque no dia-dia é você quem convive, lava e penteia o seu cabelo, não é mesmo? para o bem dele e do seu bolso, é importante que você leia sobre os ingredientes dos produtos, observe as características dos seus fios, conheça os possíveis danos e até entenda as etapas dos procedimentos que faz ou pretende fazer.
É extremamente comum encontrar pessoas reclamando que vendedores de lojas de cosméticos empurram produtos que não funcionam ou que elas não tinham intenção de comprar (quem nunca?). Ou que o resultado do procedimento no salão não ficou como esperado. Com autonomia, você reduz bastante as chances de deixar suas escolhas capilares nas mãos de pessoas sem experiência com o seu cabelo.

Eu decidi pintar meu cabelo de ruivo em dezembro de 2014. Mas isso só aconteceu de fato em fevereiro de 2015, porque eu passei 2 meses estudando sobre colorimetria e colorações. Desde a primeira vez, eu estudei e escolhi conscientemente o tom, a coloração e a oxigenada a serem usadas. E não foi por sorte que eu saí do ruivo pro roxo, consegui reverter um cabelo verde fluorescente acidental em ruivo e que pinto meu cabelo à anos (tá, sempre rola um pouco de sorte. Eu sou vida lok@, não repitam isso em casa, crianças. risos). Ainda não te convenci? Lá vão 5 motivos pra você investir seu tempo nisso.
5 vantagens de ter autonomia capilar:
1. Conhecimento é poder: Se você entende o básico sobre cabelos e ingredientes, ninguém vai te enganar com produtos e procedimentos desnecessários e ineficientes (Shampoo que muda o DNA, por ex.);
2. Meu rótulo, minha vida: Se você sabe exatamente o que está consumindo, consequentemente também saberá avaliar o custo benefício e se o produto oferece o que você precisa no momento;
3. Seu dinheiro não dá em árvore: Quando mais autonomia você tiver, menos dinheiro perderá dando tiros no escuro para tentar resolver os problemas capilares e alcançar bons resultados;
4. O tempo é rei: Ao invés de perder tempo pedindo que pessoas que produzem conteúdo resolva seus problemas, estude o conteúdo produzido, tire as dúvidas se houver, e aplique nos seus cabelos, com os ajustes necessários. Conhecimento é algo que ninguém tira de você;
5. Satisfação garantida: Observar e conhecer seus cabelos é, a longo prazo, a garantia de melhores resultados e menores frustrações.
Quando você assume que essa responsabilidade e esse poder são seus, você controla seus resultados. Veja só, se eu sei que meu cabelo só se dá bem com queratina quando está extremamente danificado, eu não vou investir em uma reconstrução com queratina pro meu dia dia, porque eu sei que o resultado não vai ser satisfatório. Bem melhor investir em máscaras com aminoácidos. Se eu sei que o óleo de coco quando aplicado em um cabelo bem nutrido pode causar o efeito oposto (ressecamento) do desejado, eu opto por usá-lo apenas quando o meu cabelo estiver precisando de nutrição.
Se eu sei que quando o suor (água + sais minerais) seca no cabelo ele deixa os resíduos dos sais (deixando opaco, com frizz e ressecado), eu lavo meu cabelo com água doce o mais rápido possível, depois do exercício físico. Se eu sei que os silicones e as parafinas criam uma película que acabam impedindo a entrada dos nutrientes que tratam o cabelos, eu escolho usar produtos sem esses compostos ou uso periodicamente um shampoo que faça a limpeza deles (com sulfato).
Entendem aonde eu quero chegar? Concordam? Se você ainda não começou esse processo, finalizo aqui com algumas dicas para dar o pontapé inicial. E bora conhecer essas jubas!
5 dicas para começar sua autonomia capilar:
1. Estude/ busque o conteúdo de pessoas com credibilidade (como @maedaafra que me inspirou nesse texto), e de pessoas que tenham cabelos (cor, estrutura, etc) parecidos com os seus;
2. Aprenda a ler rótulos, pois é a única maneira de consumir conscientemente o que você está precisando/procurando;
3. Veja mais de uma opinião antes de investir em um produto (seja ele caro ou barato), como diz minha amiga e guru capilar @jurovalendo dinheiro não aceita desaforo;
4. Observação é essencial. Observe seu cabelo antes e depois de: lavar, condicionar, pentear só com creme, com creme + gel, pentear mais úmido ou mais seco, ao acordar, depois de dias sem lavar. Se for preciso, anote. Hoje em dia já existem aplicativos pra te auxiliar nessa jornada;
5. Cada cabelo é único, e nem sempre o que funciona para Fulana vai funcionar para Ciclana. É preciso experimentar e ir adequando a frequência, a fase em que seu cabelo está, a necessidade dos ingredientes e as quantidades. Depois de uns meses, quando você souber exatamente como obter o resultado que você deseja para o seu cabelo (seja ele mais hidratado, nutrido, definido, volumoso...), você vai se sentir grata por ter começado.
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