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Desmistificando o coletor menstrual

  • Foto do escritor: Tai Cruz
    Tai Cruz
  • 30 de jun. de 2020
  • 14 min de leitura

Atualizado: 21 de set. de 2020



Você tem cinco minutos para ouvir a palavra do copinho? Logo que eu comecei a usar coletor menstrual (vulgo copinho), eu queria contar pro mundo o quanto ele poderia ser transformador. Com ele destravei fases tão importantes, que eu quis convencer todas as minhas amigas a embarcar nesse mundo novo também. Acontece que não é bem assim. Não dá pra obrigar as pessoas a aderirem a algo só porque isso foi a salvação da SUA pátria. Cada cabeça um mundo e cada mulher um universo em expansão.

Lembro que uma amiga me disse que conversar sobre coletor, calcinhas menstruais e absorventes de pano, fazia ela se sentir retrógrada, como se estivesse voltando no tempo. Na época, eu retruquei, usei o exemplo mal sucedido dos descartáveis e tentei convencer ela de que as vezes os métodos antigos só foram retirados das suas perspectivas reais. Hoje, vejo que sou mais assertiva. "Ser assertivo é estar disposto a expressar honestamente pensamentos, sentimentos e desejos de um modo que leve em consideração os direitos das outras pessoas" (Andréia Loureiro). Quando alguém vem conversar comigo sobre coletor, eu percebo como o exemplo ensina, inspira e por tantas vezes é mais eficiente que o discurso.

Eu, que sou cheia das histórias, não me lembro exatamente onde eu ouvi falar a primeira vez sobre o copinho. Me lembro apenas de ter sido no facebook, dentro de algum grupo sobre percepção da fertilidade. As mulheres que tinham parado com anticoncepcionais também estavam experimentando novas ferramentas (não tão novas assim) durante o período menstrual. Meus olhos brilharam. Eu, que estava apavorada de ter que voltar com os absorventes externos (e consequentemente com a alergia), vi ali uma possibilidade transformadora (ou como diriam minhas amigas na época, pra frentex).


O primeiro coletor menstrual foi produzido industrialmente em 1930 (apesar dos relatos de coletores rudimentares circulando desde 1867). Segundo The Museum of Menstruation and Women’s Health ele foi patenteado por Leona Chalmers e era feito de borracha. Esse modelo não agradou muito e logo sumiu do comércio. Só veio reaparecer em 1950 nos Estados Unidos, depois da II Guerra Mundial. A fabricação do Tassete parou anos depois, em 1963, por ausência de: lucro, látex e popularidade. As mulheres o achavam muito grande, rígido e pesado, sem contar todo o pudor de introduzir algo no canal, e de manipular “secreções vaginais”.


Ressurgiu em 1970 com o nome de Tassaway e feito de um material descartável. Durou poucos anos também. Em 1987 foi lançada a versão The Keeper, feito em látex. Possuía dois tamanhos: um para mulheres com filhos e outro para as sem. Esse último foi se popularizando ao longo dos anos e deu origem ao coletor que conhecemos hoje. Atualmente os coletores são fabricados com materiais atóxicos, como o silicone médico (pois muitas mulheres tem alergia ao látex) e existe uma variada gama de tamanhos, marcas e modelos.


No começo eu confesso que fiquei com medo de não dar certo. Achei que seria um investimento arriscado. Em um mês, eu entrei em um grupo chamado Coletores Menstruais Brasil (facebook) e comecei a devorar todo o conteúdo disponível lá. Enquanto estudava a teoria, estudava também a prática (meu próprio corpo). Tinha resposta e relato para tudo. Foi ali que aprendi que meu sangue podia ser tudo (até arte). O copinho foi um portal pra dentro de mim.

No Brasil, começou a virar burburinho em meados de 2014-2015. O sistema é bem simples. Um dispositivo hipoalergênico, antibacteriano, lavável, maleável e reutilizável. Quando introduzido na vagina por meio de uma dobra, ele se abre e cria um vácuo que veda a passagem de sangue pelo canal (e o contato com o oxigênio e bactérias), que se mantem armazenado dentro do recipiente. Pode ser mantido por até 12 horas (inclusive pra dormir). Não tem odor, é confortável, podendo ser usado desde virgens até mulheres com fluxo menstrual intenso. Também pode ser usado durante atividades físicas intensas (inclusive na água), não interfere com a flora vaginal, e não provoca ressecamento.


Possui dois furinhos de escape, para o sangue fluir quando ele tiver cheio. Para esvaziar, basta introduzir os dedos em forma de pinça (indicador e polegar) apertando lateralmente para aliviar o vácuo (entrada de ar) e retirando do canal. Feito isso, basta descartar o sangue (ou guardar se você quiser plantar) e lavar com água (pode usar sabão neutro se achar necessário). Para higienizar, deve ser esterilizado (água fervente) no início e fim de cada ciclo.


Hoje em dia tem tanta opção no mercado, que você demora mais tempo escolhendo um modelo do que aprendendo a usar (risos). Quando comecei (em 2015), as coisas não eram tão acessíveis. A primeira coisa a fazer antes de comprar um coletor é: medir a altura do colo do útero durante a menstruação para escolher o tamanho mais adequado. Para isso basta introduzir seu dedo indicador no canal vaginal até tocar o colo do útero. Desse modo você consegue fazer uma correlação entre a quantidade de dedo que foi necessária para alcançá-lo e a altura do seu colo (observe na imagem ao lado). Depois você deve avaliar a força do seu assoalho pélvico (já teve filhos? faz exercícios que fortaleçam?) e identificar a intensidade do seu fluxo.

A força do seu assoalho vai influenciar na maleabilidade do silicone. Existem coletores feitos desde silicones mais finos até os mais grossos. Quanto maior a força do assoalho (são músculos!), mais resistente deve ser a maleabilidade do coletor. Do contrário ele pode achatar e encontrar dificuldades para abrir sozinho dentro do canal. Quanto ao volume, se você acha que tem o fluxo intenso, pode se surpreender ao migrar para o coletor. Os absorventes descartáveis nos enganam nisso também. Com o coletor você poderá observar a quantidade medida em ml e perceber que sangra muito menos do que imagina. Após avaliar todos os relatos possíveis, eu segui orientações de uma tabela no site mais indicado no grupo (https://www.vaidecopinho.com/page/205169-Que-tamanho-usar-), escolhi e comprei meu primeiro coletor: Um Meluna P clássico.




O esforço adaptativo durou dois ciclos. Confesso que achei que ia entrar de primeira, na dobra mais simples. Coitada. O Meluna tinha um material bem molinho e só entrava e abria com facilidade se eu fizesse a dobra mais difícil que existia: a diamante ninja (adoro os nomes risos). Enquanto eu me adaptava com as dobras, ele vazava às vezes. Passada a adaptação éramos unha e carne, um só coração.



Sério, me faltam até palavras para expressar como ele mudou a minha vida. Não é exagero. Se eu achava que conhecia liberdade, aquele sentimento alcançado ainda não tinha nome. De repente era possível ir a praia, piscina, dormir sem calcinha, dançar, fazer exercícios, tudo isso lindamente menstruada! O céu é o limite. E não é só isso. Com ele e por causa dele eu aprendi tanto sobre mim, sobre meus ciclos, meu sangue. Tantos tabus foram encerrados. Deixar de odiar seu sangue tem um poder inexplicável.


Dia-dia, aprendi que sangrar é absurdamente natural, que meu sangue cheira a sangue, não é sujo, impuro e muito menos nojento. "A menstruação é o único sangue que não nasce da violência mas é o que mais te dá nojo" (Maia Schwartz). E não precisa poluir o meio ambiente. Uma mulher tem aproximadamente 450 ciclos menstruais durante a vida e usa (em média) 10.000 absorventes durante toda sua idade fértil. Se cada absorvente custar cerca de R$ 0,60, chegamos ao valor total de R$ 6.000,00! Mesmo se não fosse uma vantagem econômica, eu (Tai) faria a troca.


Suponha que uma pessoa use cerca 10.000 absorventes durante a vida. Com esse consumo, estima-se que ela gere aproximadamente 150 kg de lixo. Os absorventes descartáveis demoram muito para se decompor (400 anos) e após breve vida útil, são descartados em pilhas de lixo nos aterros sanitários. Além disso, são feitos de polietileno, propileno, adesivo termoplástico, papel siliconado, polímero superabsorvente (aquele leve toque de algodão?) e um agente controlador de odor. Em resumo, plásticos e componentes químicos que interferem com sua flora e fluxo menstrual, podendo ocasionar doenças como a síndrome do choque tóxico. Em contrapartida, além dos benefícios já citados no decorrer do texto, um coletor pode ter uma vida útil de até 10 anos.



Pra minha alma de bióloga, o prazer é triplicado. Hoje sangrar pra mim é sagrado. É o primeiro e o último passo. Aprendi que poder nutrir a terra é uma das conexões mais fortes que existem comigo, minhas memórias ancestrais e com a Deusa e a terra. Se não fosse pelo coletor, eu não estaria na praia nessa foto. Um dia que vivi uma das experiências mais lindas da minha vida (contei essa história aqui:https://www.enguicocomfeitico.com.br/post/peitos-para-quem.) Isso sem contar milhares de outras que não me recordo mais. Posso dizer que o coletor me proporcionou a minha primeira cura: viver bem sendo cíclica e nos dias de menstruação.


Fiquei cerca de 2 anos com o Meluna. Um belo dia, acordei atrasada para um exame e resolvi esvaziar no banheiro da clínica. Resultado? Escorregou da minha mão e caiu na privada. Triste fim. Queda na privada é a primeira causa de perda de coletor, seguida de esquecer na panela até queimar (risos). Como era uma situação de emergência, enfiei papel higiênico na calcinha e sai vasculhando todas as farmácias ao redor da clínica na esperança de encontrar um novo. Já tinham se passado dois anos e já era um item bem popular. Encontrei um de marca branca (Dauf), na farmácia Pague Menos. E é o que eu uso até hoje: Reverse Ciclo P.


Para minha surpresa, a adaptação com o Reverse (que foi metade do preço do Meluna) foi bem mais fácil. Ele é mais resistente, por isso abre na dobra mais simples do mundo, a C. E aqui estamos há 3 anos juntos. Se eu te recomendo? Só se você quiser/estiver pronta para transformar sua relação com seus ciclos. Tá pronta pra começar a quebrar os tabus menstruais e os estereótipos limitantes? Então se joga. Desejo que você olhe para seu coletor como eu olho pro meu. :)


No começo é normal rolar uma insegurança. Se eu puder te dar alguns conselhos, seriam esses: Relaxa. Explora e se acostuma com o toque na sua vulva/vagina. Bota o espelhinho pra enxergar e conhecer tudo, toca, introduz o dedo. Tudo isso facilitará muito sua adaptação com a chegada do coletor. Chegou e você quer testar antes da menstruação? Não se acanhe em usar um lubrificante à base de água ou óleo de coco para ajudar a deslizar. Tem modelos que já vem até com aplicador pra facilitar. Os primeiros ciclos são essenciais pra você aprender seu ritmo. É uma relação de tentativa e observação. Você também vai avaliar seu fluxo em cada dia.

Vou te contar qual é o meu padrão. Nos dois primeiros dias: fluxo intenso e troca a cada 6 horas (quando acordo, no meio do dia e antes de dormir). Nos três últimos dias: fluxo leve e troca a cada 12 horas (quando acordo e antes de dormir). Nos primeiros ciclos, é super importante esvaziar antes de dormir. Só assim você vai saber em quantas horas ele enche, e o quanto ele enche durante uma noite inteira. Por aqui, nos dois primeiros dias, ele sempre fica cheio e já acordo esvaziando. Tem receio de ter que trocar em banheiro público? Trocar na rua tem seus truques (respondo sobre isso na aba "perguntas frequentes" no fim do texto). Tudo tende a fluir para vocês dois se encaixarem.


Hoje em dia tem uma infinidade de marcas, tamanhos, materiais e modelos. Vocês sempre me perguntam sobre qual escolher. Faça as avaliações necessárias. Certifique-se sempre de consumir de uma empresa confiável, com material certificado. Afinal, é um “acessório” íntimo. Parece um processo complexo né? Mas se torna algo completamente prático, habitual e automático. Relaxa, você dá conta! No youtube tem muitas resenhas sobre marcas e opções. Aqui eu já te contei sobre a minha experiência com duas marcas diferentes (e usei imagens de outras populares e confiáveis).


Se eu fosse trocar o meu copinho hoje (não vou, porque ele ainda está ótimo), minha opção seria o disco menstrual (sugestão de marcas: Lumma Cups e Inciclo). Nem todas se adaptam ao coletor. Algumas mulheres relatam aumento de cólicas por conta do vácuo gerado, outras deixam de se adaptar com o tempo; e algumas sofrem com o vazamento constante. Se você não se adaptou ao coletor por esses motivos acima, o disco é uma boa opção. O encaixe dele é diferenciado, fica entre o colo do útero e o osso púbico, eliminando assim o vácuo e os vazamentos, pois fica encaixado exatamente embaixo do buraquinho por onde o sangue sai. Tem capacidade de armazenamento maior que muitos coletores e o melhor eu deixei por último: você pode fazer sexo com ele (palmas). Duas amigas já compraram e super aprovaram. O único contra, na minha humilde opinião, é que a vida útil dele é menor que a do coletor, de 3 a 4 anos.

A vida com o coletor é muito mais fácil pra mim. Porém, entretanto, em todo caso, todavia, isso não me dá o aval para apontar a coleguinha que não aderiu. Nem todos os “acessórios” são acessíveis e nem todas as mulheres se sentem confortáveis e adaptam. A gente ainda tem muito para desconstruir no âmbito do conhecimento dos nossos corpos e dos fluídos vaginais. Não se adaptou ao coletor mas não quer voltar aos absorventes descartáveis? Você pode testar as calcinhas menstruais (tem até biquíni e modelos estampados lindíssimos, procure por pantys e oiherself) ou os absorventes ecológicos.


E é extremamente importante lembrar que muitas mulheres estão nesse momento em situação vulnerável e não possuem sequer um absorvente. Esse é o chamado ciclo menstrual da pobreza, e cerca de 500 milhões de pessoas lidam com ela atualmente. Muitas meninas e mulheres deixam de ir a escola, ao trabalho e tem a saúde colocada em risco usando soluções improvisadas (jornais, miolo de pão, cinzas, cocô, etc). Isso sem contar os constrangimentos envolvidos. E não é só a ausência de produtos de higiene íntima, mas principalmente a falta de educação sexual para entender seus ciclos e lidarem com eles.


Falar sobre menstruação ajuda a empoderar outras mulheres. E essa é sim uma questão de saúde pública. Recentemente a Escócia foi o primeiro país a criar uma emenda que reconhece isso e se prepara para distribuir absorventes gratuitamente. Precisamos que esse seja o exemplo. Que as necessidades das mulheres vulneráveis (na cadeia, em situação de rua ou de pobreza) sejam reconhecidas e supridas. Enquanto pesquisava alguns dados, vi que a marca brasileira Korui criou uma iniciativa de doação de coletores para mulheres vulneráveis (@donadomeufluxo), caso vocês se interessem em colaborar. :)

Pra finalizar, criei um FAQ para responder as principais dúvidas que chegam até mim. No insta também tem um destaque só sobre o coletor.

FAQ Coletor Menstrual


1. Como colocar?

Relaxe, encontre uma posição confortável, lave bem as mãos, escolha uma dobra e introduza no seu canal vaginal, com a abertura da dobra para baixo, direcionando-o levemente para trás (como se fosse em direção ao ânus). Olha esse vídeo ilustrativo: https://www.youtube.com/watch?v=qXckvXduUsg


2. Qual a melhor posição?

Posições que deixem o canal mais relaxado e "aberto". Pode ser em pé (pé apoiado no vaso), de cócoras ou sentada no vaso sanitário (eu prefiro essa). Se for fazer no vaso, cuidado para não escorregar e deixar cair.


3. Como sei que coloquei certo?

É só garantir que tenha formado vácuo. Para conferir, dê uma puxadinha nele. Se tiver vácuo, ele vai oferecer resistência. Se mexeu muito fácil, melhor recolocar.


4. E o cheiro?

O que faz o odor desagradável do sangue no absorvente externo é a oxidação dele com o ar e a proliferação de bactérias (principalmente quando você demora muito de trocar). No coletor, sangue tem cheiro natural de sangue.


5. Não é anti-higiênico?

Ao contrário. A higiene é toda por sua conta. Lave bem as mãos antes de colocar/tirar e higienize direitinho entre as trocas e no começo e fim de cada ciclo.


6. Preciso tirar para fazer xixi ou cocô?

Não. Ele fica dentro da vagina, não precisa tirar. O xixi sai por outro orifício (a uretra). Quando for fazer cocô, talvez o coletor se desloque e você precise recoloca-lo.


7. Tenho receio por ser algo íntimo. Quais são os cuidados?

Não tem erro e os cuidados são básicos. Ferver por 5 minutos antes e depois de cada ciclo. Pode ser em uma panelinha no fogo ou em uma caneca no micro-ondas. Separe apenas para esse uso. Lavar com água (e sabão neutro se preferir) a cada troca. Guardar em local ventilado, longe da luz do sol.


8. Como tirar as manchas?

Sim, sangue mancha. E de tempos em tempos é necessário fazer uma limpeza mais profunda para remover as manchas e limpar os furinhos de escape. Para isso, dilua água oxigenada volume 10 (a de ferimentos) em água e deixe de molho até estar limpinho como novo.


9. Virgens podem usar?

Sim. Todas as mulheres podem se conhecer e usar o coletor. O conceito de virgindade vai muito além de um possível rompimento de hímen não é mesmo? O hímen é uma membrana fina com passagem (para o sangue) e que pode ser rompida em atividades comuns, como andar de bicicleta. Algumas mulheres têm hímen parcial, outras nascem sem, outras não perdem nem após a relação sexual.


10. Como isso vai caber dentro de mim?

Do jeito mais óbvio possível: dobrando. As dobras deixam ele do tamanho adequado para deslizar (o sangue ajuda) para dentro do canal. Além do mais, o material é liso e facilita a entrada. Bem diferente do OB que além do sangue, suga toda sua lubrificação natural.


11. Não sente ele lá dentro?

Não. Se foi colocado certo, você não sentirá nada. Se estiver incomodando pode estar mal posicionado ou grande demais pra você. Inclusive, adeus sensação de umidade e sangue descendo pelo canal. Se você sentir ele descendo, corre pro banheiro que vai vazar (risos). Depois de uns meses de uso, é mais fácil você esquecer dele do que sentir.


12. Não se perde dentro?

Nada menina. O canal vaginal tem um fim, que é o colo do útero. Relaxa que ele não vai se perder. A maioria dos modelos tem um cabinho pra você se sentir mais segura. O meu eu cortei. O máximo que pode acontecer é ele subir pelo canal (acontece quando você tá excitada, por exemplo). Mas é só fazer uma forcinha com o períneo (como se fosse fazer número 2) que ele volta pra portinha.


13. Qual a melhor dobra?

A que torne o coletor mais fácil de entrar e abrir sozinho lá dentro. Varia muito do modelo, material e da força do seu assoalho. Só dá pra descobrir testando. Eu sigo a lei da parcimônia (menor esforço) e se puder escolher, prefiro sempre a mais simples (nesse caso a C).


14. Senti cólica assim que coloquei, o que faço?

Provavelmente ele pegou o que a gente chama de super vácuo. Tira e coloca de novo devagarzinho. Você também pode tentar mudar a dobra.


15. Meu coletor não abre sozinho, o que faço?

Já testou as dobras mais elaboradas e mesmo assim não abre? Então dá uma ajudinha. Coloca o dedo indicador lateralmente e vá circulando a borda do coletor ajudando ele a desamassar e abrir.


16. Pode usar com o DIU? O DIU (dispositivo intra uterino) possui umas cordinhas que ficam fora do útero e indicam que ele está bem posicionado. Existe o risco que o vácuo/ retirada do coletor possam deslocar o dispositivo. As marcas afirmam que o coletor fica posicionado bem abaixo do colo no canal vaginal e que por isso, seria seguro. Mas nós sabemos que existem colos com alturas relativamente baixas. É sempre bom consultar seu médico (a) e ver se os fios do DIU estão ajustados. Acredito que tomando os devidos cuidados (sempre liberando o vácuo antes de retirar) é possível associar os dois.


17. Por que ele não para de vazar?

O vazamento pode ter muitas causas. O tamanho pode não estar adequado, a força do seu assoalho pode estar atrapalhando ou simplesmente ele pode estar mal posicionado. Além disso, durante a menstruação, o colo do útero baixa e sua abertura nem sempre fica na mesma direção. Se você já tentou de tudo e ainda vaza, introduza o indicador no canal e localize a abertura do colo, depois tente colocar o coletor direcionando corretamente para a abertura. Outra possível causa é o restinho de sangue no canal, para evita-lo, sempre que esvaziar e recolocar, passe o indicador em volta do canal (abaixo do coletor) para remover resquícios de sangue que tenha sobrado.


18. Como esvaziar em banheiros públicos?

Essa é a parte mais polêmica. Banheiros públicos geralmente não tem pia dentro. Então aqui vão algumas dicas salvadoras: Tenha sempre um ajudante de limpeza (garrafinha com água, álcool gel, papel higiênico ou lencinhos umedecidos); Tenha sempre uma calcinha extra (e um saquinho caso precise guardar a outra); Dê preferência a roupas que facilitem a troca, como vestidos ou saias. Se não for possível, retire a peça de baixo antes de esvaziar. Por mais experiente que você seja, você pode se sujar; Você pode fazer a troca de cócoras sobre o vaso (posição universal feminina para fazer xixi em banheiros desconhecidos) ou forrar o vaso e sentar; Como eu faço? Limpo a mão com álcool gel, fico de cócoras, esvazio, limpo rapidamente por fora com papel higiênico e reintroduzo. Vapt Vupt. Cuidado para não escorregar no vaso!!! Higienizo minhas mãos com o álcool e papel e saio pra lava-las na pia coletiva.


19. Sou mãe e quero saber: é adequado/seguro pra minha filha usar?

O coletor é um dispositivo seguro, higiênico e viável para meninas e mulheres. Não tem contra-indicação (ao contrário dos químicos usados nos absorventes descartáveis). É uma ótima oportunidade de construir uma relação em torno de algo que acompanhou/acompanha vocês (mãe e filha) por toda a vida. Tem muito material disponível e confiável sobre o tema. Quem sabe essa jornada de conhecimento não aproxime mais ainda vocês? Seguindo os cuidados básicos (boa oportunidade para conversar sobre responsabilidades), não tem o que temer. O máximo que pode acontecer é ela não se adaptar e voltar ao método tradicional. Se o seu receio é sobre virgindade, confere a dúvida número 9.


Ainda ficou com dúvida? Me manda uma mensagem e quem sabe eu possa te ajudar.

Com amor, Tai

Nota mental: Você pararia de menstruar se pudesse?


Fontes:

http://www.mum.org/MenCups.htm (coletores antigos):

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